Meu
primeiro projeto realizado no curso de arquitetura foi uma casa chamada Casa Mandala. Parece uma tarefa simples realizar um projeto de uma casa, a princípio,
mas não é. Esse trabalho me deu muita dor de cabeça...
Para
começar o professor nos deu um mês para desenvolvermos o projeto, nem mais nem
menos, exatamente um mês. Como eu não sabia quanto tempo iria levar para
realizar essa tarefa nem conseguir avaliar se era muito ou pouco tempo, por
isso fiquei calado... Depois disse que tínhamos que toda a semana assessorar
levando o que tínhamos produzido durante a semana para que ele pudesse olhar e
a partir do que foi produzido fornecer dicas para que o trabalho fosse
melhorado...
No
primeiro assessoramento eu estava lá, com a cara e a coragem, já o projeto
estava no plano das ideias... Eu passei todo o assessoramento observando os
alunos que tinham feito alguma coisa, tentando aprender com seus erros e
acertos... Porque até aquele momento não sabia por onde começar para
desenvolver o projeto da casa... Claro que daquele assessoramento não saiu nada
que preste... Neste dia foi a maior confusão. Criada por mim é claro...
Enquanto
o assessoramento ocorria presenciei diversos aspectos negativos sobre aquela
tarefa... Tudo o que ocorreu adiante foi devido a falta de informação fornecida
pelo professor... Naquela tarde estávamos todos, tensos, reunidos na sala para
o assessoramento. Houve alguns alunos que levaram para o assessoramento o
projeto quase pronto, já outros nem ao menos tinha feito um estudo da forma
digno... Como não tinha feito nada continuei observando... Foi ao longo dos vários
assessoramentos que presenciei que surgiu em minha mente a seguinte questão:
Será que há um método que ajude no
processo criativo dos projetos?
Claro que não fiz essa pergunta imediatamente. Guardei para um momento mais
adequado...
Os
assessoramentos foram sendo realizados e eu ali de olhos e ouvidos atentos para
cada detalhe... Depois de alguns assessoramentos percebi que havia uma falta de
coerência no que o professor tinha dito... Para alguns assessorados foi dito
para eles que desenvolvesse mais o projeto porque estava muito pouco
desenvolvido. Já para outros alunos houve a comunicação contrária, onde os
alunos envolvidos tinham que retrair o que tinha produzido... Como se aquilo
que ele tinha feito estivesse errado... Esse fato dá margem para várias interpretações,
mas a única que veio naquele momento foi que o professor estava totalmente
errado... Foi nesse momento que lancei a questão que tinha guardado...
Professor!
Pôs
não.
Gostaria de saber se há um método
que possa nos ajudar no processo criativo dos projetos?
O
professor neste momento ficou pasmos com aquela pergunta.
Vi
seu rosto mudar de cor, rapidamente...
Como
assim? Perguntou o professor tentando sair pela tangente...
Foi
então que expus ao professor o que tinha observado naquele assessoramento e que
não teria como eu produzir um projeto se eu não soubesse como começar...
O
professor retrucou minha conversa dizendo que eu queria uma fórmula de bolo...
Tentei
explicar ao meu modo que não era uma fórmula de bolo, mas parâmetros que
pudesse nortear meu trabalho... Claro que a conversa tida entre nós dois não
foi calma... Eu tinha ficado irritado pelo fato de haver um tratamento desigual
e prejudicial entre os alunos e ainda mais estava “P” da vida porque ele nem ao
menos teve a consideração de tentar responder minha pergunta e além do mais fez
pouco caso, tratando uma questão tão importante naquele momento que poderia ser
crucial para a realização do trabalho como uma busca de uma formula de bolo...
Ele
ao ver que eu estava irritado com aquilo... Encerrou o assessoramento e
rapidamente arrumou suas coisas e saiu da sala... Como eu não tinha gostado de
sua atitude sair atrás dele tentando descobrir algumas respostas que pudesse me
ajudar no trabalho... Depois de percorrer parte da universidade atrás do
professor desisti... Sabia que ele não me daria as respostas que eu queria e
que estava muito alterado e poderia fazer qualquer besteira que poderia me
prejudicar posteriormente...
Quando
cheguei em casa, falei para meus pais o que tinha ocorrido e eles ficaram super
preocupados porque eu poderia ser expulso do curso. Então mandei de imediato um
texto ENORME para o e-mail do professor explicando meu ponto de vista e o que me
levou a fazer aquilo...
Para
meu espanto o professor percebeu que estava errado e disse que a questão levantada
tinha sido muito boa e que minha atitude mesmo não tendo sido muito boa eu
tinha razão... Mas mesmo assim ele não disse nada sobre a existência ou não do método
e como eu poderia desenvolver meu projeto...
Depois
do ocorrido o professor procurou tratar sobre algumas coisas que poderiam
ajudar na produção e também continuaram os assessoramentos. Tenho que ressaltar
que lembro vagamente sobre isso, mas acho que foi isso que ocorreu... A única coisa
que lembro depois da confusão é que os dias passaram tão rápido que só me dei
conta ao ver que faltava somente três dias para a entrega do projeto ao
professor. Foi então que surgiu em mim a coragem e a cara de pau de ir até o
professor pedir desculpa novamente e assim pedir a ele ajuda na elaboração do
projeto... Ainda bem que o professor me recebeu e depois de algumas conversas
sair dali com ótimas ideias de como eu poderia enfim desenvolver o projeto da
casa.
No dia da entrega do trabalho estava eu lá com o
projeto pronto. Claro que não estava totalmente concluído, mas a ideia enfim
tinha emergido do diálogo e do confronto... Não querendo me gabar, mas meu projeto
foi até elogiado pelo professor e tive uma nota considerada uma das maiores da
sala. A partir daquele momento eu tinha ganho o respeito do professor... Não
sei se era bom, mas pelo menos tinha feito o trabalho... (risos).
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